Finalmente o filme está disponível (depois de um ano de promessas) para ser compartilhado com o público da rede, sem fins lucrativos. Pensamos em comercializar em DVD mas achamos que é muito mais interessante promover um contato imediato entre o vídeo e os internautas, ainda mais se tratando de uma obra que apesar de ser autoral é educativa.
Quem quiser fazer download do filme ou assistir em melhor definição
clique aqui , mas lembramos que a definição do arquivo para download (Quicktime MOV em 480x360, 439.21MB)é de baixa definição, para evitar que o filme seja pirateado e comercializado por lojas de artigos religiosos (umbanda e candomblé) como acontece com vários filmes (Na Rota dos Orixás, Pierre Fatumbi Verger...) e obras fonográficas, ou seja, se a obra é de graça, não faz sentido algum um comerciante de produtos religiosos explorar um bem cultural que está aí para levantar debate, esclarecer e principalmente contrapor o preconceito e a perseguição às religiões brasileiras de matrizes africanas promovida por alguns segmentos neo-pentencostais e pela falta de informação.
Boa Sessão,
Kiko Dinucci
Dança das Cabaças - Exu no Brasil from Elegbara on Vimeo.
Trazido pelos escravos com outros Deuses do panteão Yoruba, Exu foi colocado à margem e passou por um processo de demonização que se inicia na missão católica na África e se estende no período colonial brasileiro, onde seus atributos originais foram ocultados.
Exu que na África era caracterizado como o princípio da vida, a força que move os corpos, a dinâmica, o senhor dos caminhos e das encruzilhadas, a principal ponte entre os mortais e as divindades que habitam o além, passa a ser visto como a personificação do mal perante o modelo cristão, devido ao seu seu símbolo fálico e seu comportamento astucioso.
Dirigido por Kiko Dinucci, o filme passa pelas diversas vertentes das religiões afro-descendentes, dos candomblés (de tradição Nagô, Gege, Bantu), Tambor de Mina, passando pela Umbanda e Quimbanda. Dança das Cabaças-Exu no Brasil conta com participações de Sacerdotes e estudiosos.
Dance of Calabash - Exu in Brazil is an poetic investigation on the African divinity Exu in the brazilian imaginary. Alongside other Yoruba Gods, Exu was brought to Brazil by the slaves and became demonized during the colonial period, when catholic missions in Africa and in Brazil concealed its original attributes. In Africa, Exu was viewed as the beginning of life, the force that moved bodies, the lord of the paths and cross-roads. It was the main link between the dead and the gods. For the Christians, it became the personification of evil, due to its falic symbol and astute behaviour. Directed by Kiko Dinucci, the movie investigates the different African-brazilian religions, such as candomblé (Nagô, Gege and Bantu traditions), Tambor de Mina, Umbanda and Quimbanda. Special appearances of priests, clergyman and scholars.
dancadascabacas@yahoo.com.br
www.vimeo.com/1436330
www.youtube.com/watch?v=RSK86SGboRc
video.google.com/videoplay?docid=1991787580060573400&q=dança+das+cabaças
www.orkut.com/Profile.aspx?uid=446398119610295170
Xilogravura: Gina Dinucci
quinta-feira
terça-feira
AGENDA!!!
O documentário Dança das Cabaças - Exu no Brasil será exibido na
festa UMOJÁ, em comemoração à Semana da Consciência Negra:
23 de Novembro
Na Biblioteca Belmonte
18h
Exbição do filme "Danças das Cabaças - Exu no Brasil" e debate com o
diretor. "CineBecos"
18h40
Cortejo de Maracatu nas Praça Sarah Maluf e Floriano Peixoto
19h20
Ciranda
19h40
Apresentação de Samba "Band´Doido"
20h10
Apresentação de Maracatu " Bloco do Beco"
20h40
Apresentação do grupo "Os Mameluco"
21h10
Xire - dança dos Orixás
21h40
Samba Umoja
22h20 as 11hs
Samba de roda, samba de coco
Durante o evento serviremos o caldo das Iabás (gratuíto)
Entrada franca
Biblioteca Belmonte
Cultura Popular
R. Paulo Eiró,525 - Santo Amaro
Telefone: 5687 0408
segunda-feira
O CABAÇO DANÇOU
O teatro Adamastor ficou lotado na primeira exibição de Dança das Cabaças. Mais ou menos 600 pessoas brotaram do nada e foram prestigiar o documentário. Pra ninguém dizer que isso é história de pescador, eis a prova (foto), se bem que desfocada, o que dá margem a distorções e compromete o caráter verossímil desse registro.
quinta-feira
FICHA TÉCNICA
Dança das Cabaças - Exu no Brasil
Duração: 54 min.
Formato: Mini DV
Direção: Kiko Dinucci
Fotografia:, Tatiana Nolla, Luciano Luis Valério, Marcelo Kazuo
Consultoria: Nelson Ribeiro
Montagem: Luciano Valério
Cânticos: Sapopemba
Técnico de gravação(cânticos): Rogério Rochlitz
Sonoplastia : Jorge Peña, Silvio Franco, Alex Macedo
Projeto Gráfico: Gina Dinucci
Paticipação especial : Ivan Mesquita, Roseli de Melo Souza
Produção: Kiko Dinucci e Cine Baquira filmes
Entrevistados:
-Professor Doutor Reginaldo Prandi
(Professor Titular de Sociologia da USP, São Paulo-SP)
-Professora Doutora Marta Heloísa Leuba Salum
(Museu de Arqueologia e Etnologia da USP,São Paulo-SP)
-Iya Sandra Medeiros Epega
(Ilé Leuiwyato, Guararema-SP)
-Babalawô Adejimi Aderotimi Adefolurin
(Ilê Axé Olodumare, São Paulo-SP)
-Babalorixá Carlos Alberto de Camargo de Oxum
(Ilê Axé Egbé Nji Bun Mi, Guarulhos-SP)
-Toy Vodunnon Francelino de Shapanan
(Casa das Minas de Thoya Jarina, Diadema-SP)
-Egbonmi Conceição Reis de Ogum
(O canto do Rouxinol, São Paulo-SP)
-Tata Tawá Joselito da Conceição
(Inzo N'kisi Musambu Unkuanxetu, São Paulo-SP)
-Tata Walmir Katuvanjesi Damasceno
(Inzo Tumbansi , São Paulo-SP)
-Mãe Rita de Cassia Cordeiro
(Templo de Umbanda Ogum Iara, São Paulo)
-Pai Milton Alves dos Santos
(SINAFRO, São Paulo-SP)
-Padre José Enis de Jesus
(Instituto do Negro Padre Batista, São Paulo-SP)
-Pastor Elias de Andrade Pinto
(Igreja Presbiteriana Independente, São Paulo-SP)
-Ogã Gilberto Ferreira de Exú
(Ilê Iyá Oxum Muyiwá, São Paulo-SP)
-Tata Antonio Katulem Burange de Amorim
(Ilê Axé de Hozoani, Parelheiros-SP)
- Pai João Lamburancimbe
(Ilê Axé de Obaluayê, Guarulhos-SP)
-Mãe Daran Suru
(Gege Savalú Cocunda de Iaiá, Carapicuiba-SP)
Xilogravura acima: Kiko Dinucci
segunda-feira
TRAILER
Assista o trailer de Dança das Cabaças - Exu no Brasil, que está disponível no site You Tube ou novo google vídeo. Na verdade é somente o Orixá Exu dando o "rum".
DESENVOLVIMENTO ESTÉTICO
Ao mesmo tempo em que queríamos esclarecer sobre o assunto abordado, a meta era não fazer um documentário convencional. A secretaria de cultura de Guarulhos me deu total liberdade artística para criar:
Narrador, nem pensar, excluímos a figura do narrador e deixamos as informações orais a cargo dos entrevistados. Surge outro problema: Se não há narrador, teremos que mostrar muito os entrevistados, o que não falta em inúmeros documentários são "cabeças falantes" que se repetem. Outro problema foi a postura dura e artificial dos entrevistados, provavelmente causado pela presença da câmera, uma espécie de máscara fria, de uma seriedade nervosa.
Primeiro passo: Filmar o cotidiano da personagem, como se fazia no "cinema direto" americano. Filmamos os pequenos gestos. Misturamos essas imagens espontâneas às sérias que nos incomodavam, chamo isso de "máscara da espontaneidade " , a qual você manipula a favor de uma humanização do entrevistado ou simplesmente tira o peso que uma filmagem traz. Misturamos também as imagens litúrgicas e rituais a essas entrevistas, o que deu dinamismo ao filme.
Se na mitologia africana Exu é a dinâmica e sobretudo aquele que permeia a tudo que existe no mundo e no universo, não poderíamos fazer um filme jornalístico. Optamos pela poesia.
MONTAGEM SISTEMÁTICA
Luciano Valério foi uma das pessoas que primeiro aderiram ao projeto, começou como um dos fotógrafos, mas recebeu uma proposta inusitada para trabalhar na Holanda. Depois de mais ou menos cinco meses de ausência, ele voltou e montou o filme.
Esse trabalho de finalização durou aproximadamente um mês e o medo de não alcançar o prazo estabelecido pela prefeitura nos fez trabalhar em estado de frenesi.
Definimos dezesete entrevistados titulares para o documentário (um bom número tratando-se de Exu), inclusos nas cinquenta e seis horas de material filmado, entre imagens rituais ou externas.
Assistimos fita por fita, dia e noite, pois o prazo estava vencendo. Houve vezes em que passamos quarenta e oito horas em claro na frente do computador.
O estágio de decupagem do material foi o mais cansativo , tínhamos que separar os planos que nos interessavam, para depois criar um roteiro e uma lógica narrativa. Separamos aproximadamente mil planos, os quais eram organizados em pastas temáticas. Com a entrevista o processo foi o mesmo, ouvimos todos os textos para depois separar por temas, assim começamos a montar os planos sequênciais e achar o fio narrativo pra todo o material selecionado.
Na foto: Kiko Dinucci (diretor) e Luciano Valério, o responsável pela montagem. Uma câmera na mão e um guarda-chuva na cabeça, Mairiporã - SP.
Esse trabalho de finalização durou aproximadamente um mês e o medo de não alcançar o prazo estabelecido pela prefeitura nos fez trabalhar em estado de frenesi.
Definimos dezesete entrevistados titulares para o documentário (um bom número tratando-se de Exu), inclusos nas cinquenta e seis horas de material filmado, entre imagens rituais ou externas.
Assistimos fita por fita, dia e noite, pois o prazo estava vencendo. Houve vezes em que passamos quarenta e oito horas em claro na frente do computador.
O estágio de decupagem do material foi o mais cansativo , tínhamos que separar os planos que nos interessavam, para depois criar um roteiro e uma lógica narrativa. Separamos aproximadamente mil planos, os quais eram organizados em pastas temáticas. Com a entrevista o processo foi o mesmo, ouvimos todos os textos para depois separar por temas, assim começamos a montar os planos sequênciais e achar o fio narrativo pra todo o material selecionado.
Na foto: Kiko Dinucci (diretor) e Luciano Valério, o responsável pela montagem. Uma câmera na mão e um guarda-chuva na cabeça, Mairiporã - SP.
O ORIXÁ EXU E O EXU ORIXÁ
No desenrolar das filmagens encontramos uma legião de Exus ditos "entidades" ou "catiços", com suas capas pretas, seus tridentes, charutos e marafos (cachaça), começamos a garimpar para encontrar um Exu "Orixá", fiel as características africanas Iorubanas, rodamos por toda São Paulo a procura da divindade, tratava-se de um caso raro, inclusive na Bahia, com todo o tabu em volta de Exu, é dificílimo um Pai ou Mãe-de-santo ter coragem de iniciar um filho em Exu como Orixá titular da cabeça. Encontramos um filho de Exu justamente ao nosso lado, no Parque Alvorada - bairro dos Pimentas - Guarulhos - SP no terreiro do Babalorixá Carlos Alberto de Camargo de Oxum do Ilê Axé Egbé Nji Bun Mi, antigo Ilê Orinxalá Funfun do falecido Pai Odérito de Oxalufã, onde tivemos o prazer de conhecer Exu Byi (Alaketu).
Quantos aos Exus "entidades", faziam uma verdadeira festa, com muita dança, bebida e palavrão. Na Quimbanda éramos vítimas constantes das brincadeiras desses Exus. Em alguns lugares, aliás, a festa tomava uma uma proporção que quase esquecíamos que tratava-se de um espaço religioso, um certo clima de cabaré no ar esfumaçado.
FILMAGENS OU O OLHO QUE CRÊ EM SUA PRÓPRIA MENTIRA
Dança das Cabaças - Exu no Brasil, média metragem, filmado e finalizado em 6 meses , realizado com orçamento de R$ 19.000,00. Dizem que Robert Rodriguez fez El Mariachi com 7 mil dólares, não acredito, bem como não acreditaria nos 19 mangos do Dança das Cabaças.
Algumas pessoas falam - pôxa, vocês não foram pra Bahia - pois é, queríamos ter ido até Bahia, Recife, Maranhão, Rio Grande do Sul, Nigéria e tal. 19.000,00 na Bahia daria só pra passagem com direito a um acarajé pra cada, impossível.
Acredito que dá pra fazer um filme sobre Exu até na Finlândia. Acho que esse título "Exu no Brasil" é na verdade uma farsa, deveria se chamar "Exu em São Paulo". Desde o começo defini esse caminho, iluminado pelo livro do professor Reginaldo Prandi, Os Candomblés de São Paulo. Dança das Cabaças é mais um panorama das religiões de matrizes africanas nessa na metrópole.
Enfim, choramos pouco e fizemos o filme.
Dança das Cabaças é um filme AMADOR, como diria Jean Rouch, feito com AMOR, ao cinema e ao tema abordado.
PRÉ-PRODUÇÃO, ENFIM
Após o projeto ter sido contemplado pelo FunCultura, tínhamos que agilizar algumas coisas enquanto a verba não era liberada. Eu e o consultor Tata Samunanguê (Nelson Ribeiro), começamos a contatar os possíveis entrevistados, pessoas que conhecíamos ou pela atuação em pró as religiões afro-descendentes ou através de indicação.
Visitamos pessoalmente várias pessoas com o projeto na mão e todas, ou quase todas, aceitaram participar do documentário, com a condição de não exibir os segredos da religião e não realizar uma abordagem sensacionalista, como é de costume dos telejornais e dos programas evangélicos neo-pentecostais.
Procuramos tantos sacerdotes, que em um ou dois meses, boa parte dos adeptos do Candomblé de São Paulo já estavam sabendo sobre o "tal documentário sobre Exu". Quando fomos dar uma espiada no congresso de Umbanda e Candomblé de Diadema organizado pelo sacerdóte de Tambor de Mina, o paraense Pai Francelino de Shapanan e as pessoa estavam ávidas por informações sobre o vídeo e nem tínhamos iniciado as filmagens.
na foto: Os paus pra toda obra, Nelson Ribeiro - Tata Samunanguê) o consultor, Marcelo Kazuo (fotografo) e Kiko Dinucci (diretor). Ilê Iyá Oxum Muyiwá, São Paulo-SP de Mãe Wanda de Oxum
PRODUÇÃO ANTES dA PRÉ-PRODUÇÃO
POR QUE EXU?
A idéia inicial de realizar o documentário Dança das Cabaças - Exu no Brasil surgiu a partir de pesquisas de caráter musical em terreiros de Candomblé e Umbanda do estado de São Paulo.
Me incomodava a falta de conhecimento e esclarecimento sobre Exu em todos os sentidos. Sabemos que no imaginário brasileiro Exu é comparado ao Diabo do mundo cristão, tudo isso apoiado numa grande falta de informação.
Senti a partir daí que era possível realizar um trabalho pelo FunCultura e o que eu estava pesquisando naquele momento - a música - não seria o suficiente como ferramenta para desenvolver a idéia. Sendo assim, optei pelo formato audiovisual, já que existiam bons textos escritos por sociólogos, antropólogos e etnologos, à exemplo de Roger Bastide, Pierre Fatumbi Verger, Arthur Ramos, Nina Rodrigues, , Sergio Ferretti, Reginaldo Prandi, Juana Elbein dos Santos entre outros.
ANDANÇA
O que mais fizemos durante as filmagens foi andar, andar muito. Na pré-produção a gente encontrou pessoalmente todos os entrevistados que havíamos contactado. Sol, asfalto, lotação, trem, ônibus, barriga roncando, sempre com o projetinho do filme na mão. Nas filmagens havia o carro do nosso fotógrafo que também foi motorista, quando ele saiu da equipe a nova fotógrafa ocupou a mesma função dupla. Guarulhos, São Matheus, Osasco, São Vicente, Ferraz de Vasconcelos, Jaraguá, Morro Grande, Casa Verde, Parelheiros, Guararema, Saúde, Carapicuíba... Exu, Orixá Onã, Orixá Oritá. Caminhos, encruzilhadas. Agradeço pelos encontros das trilhas cruzadas.
ORÇAMENTO
Pois é, começamos as filmagens em agosto. Estamos rodando em mini DV (que é o formato dos pé-de-chinelo). O filme terá uns 50 minutos de duração. Trata-se de uma produção à pão e mortadela, na vedade água e pão, com um orçamento muito, mais muito baixo mesmo. Fazemos cinema por teimosia e Exu está do nosso lado. Laroiê.
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